sábado, 30 de julho de 2011

O valor da casca de arroz

      Há quem acredite que, um dia, o grão se tornará um subproduto do arroz. Considerando que o cereal é base da alimentação de mais da metade da população mundial, parece absurdo aceitar tal prognóstico.
      No entanto, as possibilidades de aproveitamento desse vegetal vão além dos limites gastronômicos. Há anos, pipocam negócios lucrativos cuja matéria-prima encontra-se aos montes nos engenhos gaúchos: a casca do arroz.
      Líder na orizicultura nacional, o Rio Grande do Sul colheu 9 milhões de toneladas na última safra. Desse total, 22% correspondem à casca. Há cerca de uma década, esse cerca de 1,9 milhão de toneladas do resíduo seria um problema. Hoje, é a solução para uma vasta gama de segmentos econômicos.
      Em 2000, a indústria de beneficiamento Camil Alimentos, instalada em Itaqui, percebeu que poderia reduzir custos se produzisse a energia que consumia. Investiu R$ 5 milhões para construir aquela que seria a primeira usina de biomassa de casca de arroz do Estado, com capacidade de 4,5 MW.
      Com alto poder calorífico e regularidade térmica, o resíduo é matéria-prima para processos termelétricos com a vantagem de poluir bem menos o ambiente, ao contrário de recursos convencionais, como o carvão. Para se ter ideia, uma tonelada de casca equivale a dois barris de petróleo.
      Segundo o engenheiro químico Gilberto Amato, pesquisador da Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), atrás de créditos de carbono, fundos de pensão da Suíça e da Alemanha transformaram o Rio Grande do Sul em fornecedor de fonte para energia limpa.
      - O próprio Rudolf Diesel (inventor do motor a diesel) defendia a teoria de que o agronegócio tinha de ser independente em termos de energia. E a casca do arroz propicia isso para a indústria - explica o pesquisador, autor de estudos bioquímicos sobre o cereal.
      Do cimento ao chip
      Além do poder calorífico, a casca de arroz guarda uma propriedade preciosa. Nela, podem ser encontrados até seis vezes mais dióxido de silício (ou sílica) do que em outros cereais. Composto químico, cristalino e abundante na crosta terrestre, a sílica é responsável por uma espantosa versatilidade no uso da casca: a partir dela, pode-se produzir borracha, cimento e até chips eletrônicos.
      Há 10 anos, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Milton Ferreira de Souza apresentou sua pesquisa na Associação Comercial e Industrial de São Borja. Seu estudo indica que o composto aumenta a resistência da estrutura e reduz a espessura do concreto.
      - A sílica possibilitará obras com maior espaço útil, economizando material - analisa o professor.
      O aproveitamento do dióxido de silício conquistou a atenção de empresas do Estado. Em Alegrete, a indústria de arroz Pilecco, além de gerar energia com a queima da casca, criou um método para extrair sílica das cinzas restantes do processo de combustão. O produto é revendido e a iniciativa rendeu à empresa os prêmios Leader Quality e Qualidade Brasil.
Outra característica da casca é seu poder de bloquear a incidência solar. Gilberto Amato explica que, não fosse o resíduo, o grão de arroz não se desenvolveria:
      - A radiação esterilizaria a semente. Na casca, há um sistema que impede a passagem dos raios.
Ou seja: o extrato da casca de arroz pode ser usado como protetor solar.

http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/nossomundo/19,997,3417155,O-valor-da-casca-de-arroz.html

COMENTÁRIO>> Como sabemos, o arroz é um dos alimentos preferidos dos brasileiros, e até do mundo. O que poucas pessoas sabem é que a casca do arroz é utilizada para diversas tarefas diferentes e surpreendentes, como por exemplo, produzir borracha, cimento e até chips eletrônicos. Também, o extrato da casca de arroz pode ser usado como protetor solar, porque ele bloqueia a incidência solar.

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